quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Versão para uma mulher barbada





Eu,
subitamente,
depois de séculos a afinar a cintura para tantas saias justas e calcinhas apertadas,
descubro existir na natureza imposta aqui de baixo derrapante uma barba de ponta cabeça.
E como se não bastasse, ainda seca, minha boceta barbada que nunca trabalhou em circo, em seu desapontar, exclama com rigidez:
Que sede porra!
Do diálogo absurdo tomo para minha brilhante conclusão de que somos todas barbadas de ponta cabeça. Versões mais ou menos relutantes e inadequadas daquela primeiríssima mulher (aquela que nada tem a ver com Eva) – a fantástica bela inusitada, a primeira de todas nós - a grande mulher barbada que trabalha nos circos.

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