(Para Douglas Anfra)
I
De onde vem D.? Que lugar ocupa D. no mundo [meu]? Esconde-se no coração de quem [no seu/no meu]? Passa noctívago pelo pensamento [meu]? Está ao lado? De frente? Atrás? Na fronteira das miúdas emoções cavas [minhas/somente minhas]? Ou D. está na borda que desenha o que dele faz contorno em mim? Lá onde eu esbarro no vazio e ganho mais forma? Tão nele...
II
Afora a expansão do dom de propriedade, na carreira dos pronomes da posse conta que D. deflagrou-se de uma caldeira exuberantemente letal num dia metalúrgico de Santo Antonio. Isso tudo é que importa! Sim. Estou bem certa disso.Num combinado químico de fórmula fechada veio ele dar ao mundo de supetão. Combinação explosiva que lhe custou quase seu pisão, fazendo-se andar cuspido por um vendaval envenenado. Chamuscado de verde-prata, passou cá. A bem dizer, rompeu para esta outra margem do rio. Onde estou à deriva. Já em travessia.
III
Em um almoço seriado D. contou-me que conforto perfumado vem da indústria da gente. É coisa de homem engenhoso. Desenvolvido.De cá, disse a D. que sabão sempre foi obra de mulher de casa, feito em quintal de roça. Bicho morto é desfeito em bacia até virar espuma fresca pra lavar roupa suja entre parentes [só em casa mesmo].D. não deu a mínima pro tacho de cobre. O mundo de D. é muito grande... É mundo técno-químico-assalariado. Mundo de infinitas caldeiras. Todas elas inflamadas desde as primeiras revoluções industriais. Congeladas depois do paraíso. E precarizadas com o fim do emprego pleno. O que dizer a D.? Que estou realmente encantada ou desejar-lhe um bom apetite?
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