sábado, 3 de janeiro de 2009
Terra de prata ou o menino da floresta entubada
(Para Douglas Anfra)
I
De onde vem D.? Que lugar ocupa D. no mundo [meu]? Esconde-se no coração de quem [no seu/no meu]? Passa noctívago pelo pensamento [meu]? Está ao lado? De frente? Atrás? Na fronteira das miúdas emoções cavas [minhas/somente minhas]? Ou D. está na borda que desenha o que dele faz contorno em mim? Lá onde eu esbarro no vazio e ganho mais forma? Tão nele...
II
Afora a expansão do dom de propriedade, na carreira dos pronomes da posse conta que D. deflagrou-se de uma caldeira exuberantemente letal num dia metalúrgico de Santo Antonio. Isso tudo é que importa! Sim. Estou bem certa disso.Num combinado químico de fórmula fechada veio ele dar ao mundo de supetão. Combinação explosiva que lhe custou quase seu pisão, fazendo-se andar cuspido por um vendaval envenenado. Chamuscado de verde-prata, passou cá. A bem dizer, rompeu para esta outra margem do rio. Onde estou à deriva. Já em travessia.
III
Em um almoço seriado D. contou-me que conforto perfumado vem da indústria da gente. É coisa de homem engenhoso. Desenvolvido.De cá, disse a D. que sabão sempre foi obra de mulher de casa, feito em quintal de roça. Bicho morto é desfeito em bacia até virar espuma fresca pra lavar roupa suja entre parentes [só em casa mesmo].D. não deu a mínima pro tacho de cobre. O mundo de D. é muito grande... É mundo técno-químico-assalariado. Mundo de infinitas caldeiras. Todas elas inflamadas desde as primeiras revoluções industriais. Congeladas depois do paraíso. E precarizadas com o fim do emprego pleno. O que dizer a D.? Que estou realmente encantada ou desejar-lhe um bom apetite?
R.P.
Nasci no município de Ribeirão Preto. No estado de São Paulo. No país do Brasil. Num pedaço do continente da América do sul. Igual a geografia política do menino Stephen: no Mundo, ora! E depois do mundo... Sistema solar. E depois e depois... Lá vai adiante no universo. Mas dia passado descobri que meu nome de nascida é, por lei, um outro. Achava que quem nascesse em Ribeirão Preto era ribeirão pretano. Muita gente de lá diz isso, mas não. Quem nasce em Ribeirão Preto deve (por decreto) ser chamado de ribeirão pretense. Minha mãe me disse que em Campinas (onde também morei) dá-se o mesmo. A gente de Campinas (e de quase todo lugar) acha que quem ali nasce é campineiro. Nãnãnão! Por regra quem nasce ali é campinense! Mas a regra é formalismo puro, finíssimo. Na língua prática a gente dali faz distinção por entre duas natalidades: quem nasce bem nascido no município leva o nome de campinense e quem apenas nasce pobrinho (da Silva) fica para campineiro. Hum... Pensando cá e daqui, sou mesmo ribeirãopretano!
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Estréia
(1º de Janeiro de 2009)
1. Fato ou situação que demarca o início de uma atividade ou período ger. importante e que serve de referencial para a memória.
2. Primeira vez que um artista ou grupo artístico se apresenta ao público.
3. O primeiro trabalho artístico, literário ou científico que um indivíduo apresenta ao público.
4. O início de alguma coisa, geralmente com expectativa de continuidade.
[...]
[(2x4)]
8. Diacronismo: antigo.
Presente ou dádiva no primeiro dia do ano.
Presente ou dádiva no primeiro dia do ano.
ETIMOLOGIA: lat. strena,ae 'presente dado em dia de festa para bom agouro'; f.hist. sXV estrea
(cf. HOUAISS, 2001)
Trindade santíssima
Minha vida resume-se
No número três
Na oposição
Gato X Cachorro
E numa manhã
Que é puro rancor.
Santos
(Para Rafael Pereira)
Solidário, um anjo meio-irmão despencou-me o pai-morto. No "cemitério da filosofia", na morada eterna, vi seu pai de uma só vez, fincado feito cruz de asfalto-encruzilhada. A cidade anda mesmo vazia... E o horizonte é tão só aqui na esquina. Sucatas mil de um porto flutuante em lugar último velejam por mim nesta noite.
Solidário, um anjo meio-irmão despencou-me o pai-morto. No "cemitério da filosofia", na morada eterna, vi seu pai de uma só vez, fincado feito cruz de asfalto-encruzilhada. A cidade anda mesmo vazia... E o horizonte é tão só aqui na esquina. Sucatas mil de um porto flutuante em lugar último velejam por mim nesta noite.
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